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a história que eu quero contar

nascida em moleskine, por meio de caneta hidrográfica de tinta azul, dia 1º de maio de 2015.
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A história que eu quero contar é uma história desabitada no real. Ainda. A história que eu quero contar talvez seja de uma senhora já de cabelos brancos. Quem sabe não seja. É certo que a história que eu quero contar eu não posso contá-la hoje. A história que eu quero contar pode ser contada a um amigo ou a um estranho. A um vizinho ou a um forasteiro. É uma história minha, mas que pode ser compartilhada.
E é feliz.
A primeira frase da história que eu quero contar é "pode sentar, fique à vontade". A história que eu quero contar não tem última frase. Tem último suspiro.
E é feliz.
A história que eu quero contar vai ter fotografias. É de memória. É de rima. Rima com vitória.
A história que eu quero contar vai ter saudade. Mas vai ter realização. Vai ter passado. Mas não vai querer voltar atrás.
A história que eu quero contar será contada numa prosa gostosa. Na cozinha. Com café e bolo de laranja. Com flores de verdades no centro da mesa.
Pode ser que a história que eu quero contar seja narrada por mãos calejadas. Cabelos grisalhos, sim, talvez. Mas tem cores.
A história que eu quero contar será contada entre lágrimas e sorrisos. Predominando as risadas.
A história que eu quero contar será contada pela primeira vez todas as vezes que for contada. É uma história original, com personagens que ninguém nunca usará em outra história.
A história que eu quero contar não é uma história que desperte a inveja em quem não a escreveu. É uma história que inspira. Inspira e faz suspirar.
É uma história de amor. Mas, mais que isso: é uma história de amor de uma pessoa por ela mesma.
Essa história tem folhas de louro.
A história que eu quero contar é de amor próprio. Que nasceu do amor convivido. Não deixaria de ser, portanto, uma história de lição.
O interlocutor aprende. E quem conta a história que eu quero contar, mais ainda.
A história que eu quero contar tem arquitetura. Tem tijolos fortes. Tem teto. É segura. E abriga quem a conta. A história que eu quero contar é uma fortaleza. Mas tem coração. Tem calor.
A história que eu quero contar tem uma vista poente e uma nascente. Aponta sempre para o amanhã.
A história que eu quero contar faz a senhora dormir todas as noites em paz. Ela nina e faz chá de camomila.
A história que eu quero contar é de uma velha adolescente e de uma adolescente velha. Sem relógios. Aliás, o relógio sempre existiu marcando a hora errada.
A história que eu quero contar é de uma moderna mulher tradicional. De uma rebelde comportada. De uma multidão solitária.
A história que eu quero contar é de uma coerência incoerente. De um caos constante, do fogo frio, do gelo quente.
A história que eu quero contar temo eu que não me habite. Eu habito nela. A história que eu quero contar ri e chora de si.
E é feliz.
A história que eu quero contar dá frutos, e infindáveis sementes.
A história que eu quero contar ainda sonha com a reprodução e o desenrolar do seu enredo.
A história que eu quero contar sonha. Acordada.
A história que eu quero contar fervilha, borbulha, debate-se.
A história que eu quero contar quer sair, mas não pode.
A história que eu quero contar não espera o meu traço. Espera o meu passo.
E é feliz.
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LTT

quantos anos cabem em 365 dias?

e foi caverna e foi luz e foi luto e foi luta e foi corpo velado e foi sorriso velado e foi vela no bolo e outra no caixão e mais uma, e mai...