#umafrasepordia - Semana XXI

#141: basta um segundo;
para descalar o indevido;
para combustão se fazer explodir;
para matar com a palavra.
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#142: restam os destroços do estrago.
a palavra constrói e faz ruína.
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#143: a dormência prevalece na pele rígida.
decompõe-se o sentir.
o corpo, em volta, se faz fortaleza
e nela habito em sono profundo.
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#144: até quando vai durar
esse sentimento que engessa meu ser?
para desestabilizar as carapaças, mudanças.
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#145: domino
e respiro autoconfiança;
o amadurecimento vigorou.
reconheço em mim o rosto familiar de um sonho ambicioso.
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#146: e quando foi que veio a hora de a flor desabrochar, de o fruto amadurecer, de a folha cair?
saber esperar é ignorar o processo.
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#147: um dia inerte - não, um dia infinito de movimento e de solitude;
novidade e hábito, vida que gira no intervalo de um longo instante.
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desculpas

é o último dia de 2017 e eu não terminei meu plano de #umafrasepordia de 2016. shame, shame, shame.
se aqui eu dito as regras... vai atrasado, mas vai entregue. a partir de maio de 2016.

31 de dezembro de 2017. antes tarde.

BSB, 14 de dezembro de 2017

mais um dia nasce para nos sentirmos idiotas nesta terra-brasilis. oh, Deus, como tem sido não-fácil. às vezes, somos apercebidos de uma enorme perda de tempo caçando nossos meios singelos de quem-sonha para sair do plano unicórnico. mas não é sempre assim que funciona, há de se dizer. de duas, uma: ou acontece um desvio meteórico no rumo das linhas óbvias do destino, acontecimento que foge a quaisquer elocubrações, ou simplesmente nada acontece e você se vê obrigado a pôr sua viola no saco e seguir para a próxima tentativa. a mim, já apareceram ambos os percursos, e é bom saber que isso me permitiu encontrar paisagens diferentes, sempre que foi possível.
sonhar custa caro, e quando tiro o extrato da conta, me acautelo. nossa vida consiste em encarar e escancarar frustrações. o sentimento é de que, se você não lembrar da composição de sua matéria, sempre haverá surpresa no lamento. não, não e não. tudo morre. tudo que nasce morre.
há grão que nasce e vira poeira no vento. há grão que morre e vira pão.

LT

eu preciso escrever

um desabafo
um desatino
descalça
desato
o ato
falho,

eu preciso escrever
a rotina
voraz
preço
lucro
lute
cale-se
vamos em frente que tudo vai dar
pé
chão
mato
brisa
tato
sinto
perco
tempo

a areia corre
escorre
o vento
leva
tudo
ponteiros
apontam
para a falta
corre
não há mais
não dá mais
não há meios
meio
termo
chove

uma água suja
e quente
cai do ar
fétida
sem gosto
gasoso
mordo
a maçã
envenenada
trabalho

capim
aos burros
burra, emburrece
não lê,
não cresce,
não vê

quem vê
quem a vê
ela perde
as teclas
sujas
vão-se travando
escorrego
na corrida
alguém passa na frente

o ego
entrego
me tiro a veste
me desnudo
alguém me vê nua
não me aborrece
a exposição

remédios me ajudam
no processo
doloroso
é uma doença
é uma frescura
eu não sei
eu sinto
e dói
a face enrubesce
as lágrimas se formam
eu tento conter
explodo

é um tudo incompleto
é uma bomba mansa
é uma fala torpe
tudo e nada ao mesmo tempo

eu só sei que eu preciso ser eu
eu preciso disso
eu não sei como achar
eu caço em fórmulas
eu aceito qualquer coisa
eu fuço no lixo
e não há vagas

sozinha, no escuro
escuto as vozes
que dizem
basta
basta
basta