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rostos da infância - assunto de divã




Sempre tive a mania de ver rostos em todos os lugares que eu olhava.
Em cada rachadura, fenda, risco, gotas de tinta, manchas, nervura de madeira ou infiltração, eu via claramente: olhos, boca, nariz...
às vezes estavam de perfil, deitados... às vezes eram animais... às vezes tristes... alegres... não importando como era, sempre via rostos.

Mas um dos mais interessantes era o velho azulejo do banheiro antigo lá de casa. Era um conjunto bem clássico, que, creio eu, hoje deva ser pó. Eram quatro azulejos tom pastel com quadriculadinhos marrons bem fininhos, quase imperceptíveis, em marca d'água, que ficavam em volta de um, com um desenho que todos me juravam ser um ramo de flores. Era um "pé-de-flor", semelhante ao lírio, em tons de sépia, com alguns brotos e duas flores grandes desabrochadas. A questão é: eu não via isso. Eu via um rosto malvado em uma das flores (como as do País das Maravilhas). Na outra, eu via um passarinho (semelhante a um pardal) com uma cara bem nervosa saindo do "ninho".


O pior: esses "rostos" que eu via, me davam medo. Muito mesmo. Eu lembro que quando eu sentava no sanitário, tinha de enfrentar aquele azulejo, e poderia jurar que aquelas "caras" tomariam vida. Certamente para brigar comigo. Me atacar, de alguma maneira. Que coisa.


Parece brincadeira. Mas fui enxergar "flores" naqueles azulejos depois de "grande", menina-moça.
É por isso que acho que hoje, procuro olhar a vida com mais cuidado - quem sabe o que minha mente entende como pavoroso, seja nada mais que... flores.


LT

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